quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM no Pátio - Recife, Brasil - Curadoria: Beth da Matta e Joana D arc

"É Preciso Ascender à Luz nos Tempos da Delicadeza "

Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - MAMAM no Pátio - Recife, Brasil

Julho 2014

Curadoria: Beth da Matta e Joana D arc



 
 

 
 

 

 
 
 

ENCONTROS ENTRE A FORÇA E DELICADEZA


Saber orientar-se numa cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução. Nesse caso, o nome das ruas deve soar para aquele que se perde como o estalar do graveto seco ao ser pisado, e as vielas do centro da cidade devem refletir as horas do dia tão nitidamente como um desfiladeiro. (W.Benjamin)

A artista Catarina Branco é nascida na ilha de São Miguel nos Açores, onde vive e trabalha. Em residência artística, a convite do MAMAM na cidade do Recife, acompanhou abismada a violenta desocupação do movimento OcupEstelita e seus desdobramentos. No cotidiano, com um olhar estrangeiro aberto para o encontro com a cidade, foi atravessada pelo rítmo acelerado, confuso, caótico do lugar. Capturada pela arquitetura dos edifícios e pelas maneiras de fazer da artesania local presente nos espaços da casa e no comércio do entorno..

Atenta a tantas imagens, signos, sons, espaços labirínticos – as ruas, as igrejas barrocas e o próprio espaço expositivo do Mamam/Pátio – criou site specif com trabalhos orgânicos, lúdicos, que operam com conceitos e maneiras de fazer universais e propõem a possibilidade de reinvetarmos nosso cotidiano por meio de construções de teias e redes entrelaçadas pela delicadeza do toque, do gesto e dos encontros. Como viver junto? Novamente, essa questão proposta por Roland Barthes, vem povoar nossas existências. "É preciso ascender à luz nos tempos da delicadeza, exposição que apresenta parte dessa experiência vivenciada pela artista, desencadeia reflexões críticas ao projeto civilizatório que estamos vivendo.

"Com extrema sensibilidade a artista escolhe o material a ser utilizado, a forma que estrutura os módulos, que se repetem, e, os conceitos que emanam do seu trabalho. Formada em pintura pela Escola de Belas Artes em Lisboa a artista utiliza o papel como meio de expressão. O papel – recorrente em sua poética - deixa de ser apenas uma superfície na qual o trabalho será lançado, mero suporte para o desenho, pintura e ou gravura. Aqui o material ganha autonomia de expressão: sua estrutura pode estruturar a obra.

"Nas duas instalações aqui presentes, seja a denominada Capacho, da parede ou Quando a força encontra a delicadeza, do chão, parece-nos inadequado o uso da expressão “suporte” em relação ao papel. Na arte, a matéria constitui sempre parte integrante da forma expressiva. Forma e conteúdo são equivalentes. Ou seja, o conteúdo está incorporado na forma expressiva.

"A instalação Capacho surgiu do seu olhar sobre a permanente e ancestral maneira de fazer dos artesãos que produzem cestarias e tapeçarias vistas aqui e além mar, por meio da técnica do entrelaçamento. O jogo do entrelaçar as tiras de papel que compõem a estrutura do “tecido” se junta à composição cromática presente em cada um dos módulos que não se repetem no cromatismo, mas sim na forma. O título da obra, segundo a artista, propositalmente está relacionado de maneira pejorativa, às práticas sociais que se referem a “passar por cima, pisar sem qualquer respeito ou delicadeza pelo que já existe,destruindo teias históricas e sua poética, desrespeitando o indivíduo que ali habita, impondo uma força bruta”.

"Quando a Força Encontra a delicadeza em sua forma orgânica se insinua escapulir do espaço expositivo buscando a rua como lugar de existência. A obra ganha potência quando chama a nossa atenção para o abandono “histórico” com os espaços públicos. O desejo é levar para a cidade, com seus monumentos abandonados, ruínas a céu aberto, uma possibilidade de expansão da delicadeza, de reorganização da sociabilidade, onde cada um de nós possamos ser criadores. A construção de uma rede cujo elo é a sensibilidade.

 
"Com base nessa ideia a artista concebeu uma ação que se constitui na elaboração de um Manifesto poético. Uma caixa que se desloca ocupando outros espaços da cidade, contendo em seu interior materiais e um manual orientador para a produção de módulos vazados que quando justapostos produzem uma rede.

 

Beth da Matta e Joana D arc

 
 
 
 
 

 
 
 


 

















 
 
 
 

 
 
 
 
 
 




 










































 
 
 
 






 
 
 
 
 











 
 
 
 
 








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