terça-feira, 11 de novembro de 2014

Galeria Belo - Galsterer - Catarina Branco - " A Memória viva nasce a cada dia, florescendo" & Jorge Molder - " Fúscia" - 20 Novembro- 2014 - Lisboa




Temos muito gosto em apresentar a primeira exposição individual "A Memória viva nasce a cada dia, florescendo" de Catarina Branco na Galeria Belo-Galsterer. No âmbito das preparações para esta exposição da artista, surgiram várias questões acerca do seu trabalho, que tentámos esclarecer através de uma entrevista à artista. Depois de ter recebido as respostas da artista às nossas perguntas, achámos tínhamos de partilhar a nossa conversa com o público, uma vez que se fala de assuntos que têm a ver com questões pertinentes levantadas no âmbito dos trabalhos aqui apresentados, e que ao mesmo tempo relevam um aspeto importante do pensamento e da criação da própria artista.


 

 
 
 
 

Porque escolheste este título para a exposição e o que significa para ti?






A primeira característica comum presente nos meus trabalhos é, sem dúvida, a memória. Ao resgatá-la e tratá-la como uma coisa viva, torno-a ativa, permitindo assim o florescimento de novas histórias que acrecentam algo mais à minha identidade, acentuando as suas diferenças, para que ela não seja esquecida.







No teu trabalho as tradições dos Açores têm um papel predominante. Queres comentar?




No que diz respeito ao meu processo de trabalho, posso afirmar que este constrói-se quase sempre a partir de um lugar específico, que é a cultura açoriana, mas, através desta, faço referência ao que é característico de qualquer civilização – o seu lado de miscigenação ou de hibridação. Nos meus diversos projetos, podemos verificar as ligações estabelecidas com África, o Brasil e o Oriente. Este aspeto coloca as minhas obras numa perspetiva verdadeiramente globalizante, refletindo sobre a ideia de equivalência ou partilha cultural.






Os materiais que usas remete na maioria das vezes para o trabalho manual (das mulheres) - p.ex. as TEIAS DE LUZ desta exposição usam o tear como forma tradicional, muito conotado com a criação manual - arts&crafts? - de lavores femininos. Artistas como Rosemarie Trockel (DE) e Joana Vasconcelos (PT) também usam ou usaram esta ligação para pronunciar uma crítica ao papel secundário dos trabalhos manuais / arts&crafts na arte contemporânea, e tb usaram para questionar ou reforçar a ideia do papel da artista feminina no campo das artes plásticas. Existe para ti, uma ligação com estas outras artistas, conceptualmente ou na prática; questionaste alguma vez o teu lugar na cena contemporânea das artes - ou sentiste questionado o lugar das mulheres como artistas?



É através da memória (como sendo uma grande potência criativa) que eu estabeleço as mais diversas conexões e efetuo a minhas análises críticas e reflexivas sobre o lugar que a mulher ocupa no meio artístico, que coincide com a análise de estudo que a artista Rosemarie Trockel tem vindo a desenvolver e a trabalhar. Em resposta à afirmação de Beuys, de assume que " todo o homem é um artista", a divisa de Trockel tem sido: " todo o animal é um artista feminino " . As imagens das malhas, padrões abstratos ou símbolos familiares foram introduzidos pela artista como materiais e formas consideradas tipicamente femininas. No entanto, não é de todo uma preocupação para a artista arrumar o género. O seu trabalho não permite interpretações apressadas. A diversidade dos seus meios e temas, como o da memória e experiência, resulta da combinação da complexidade e da ambiguidade de cada obra individual.

No meu caso, tenho vindo a verificar que o papel da mulher na sociedade, a sua força criativa, tem sido um assunto menosprezado e pouco valorizado, até aos nossos dias. Por isso tenho estudado, fundamentado e desenvolvido o meu trabalho, a partir da plasticidade das vivências quotidianas e do imaginário popular, resgatando o uso do recorte do papel, técnica herdada essencialmente pelas mulheres. Pode ver-se uma perspetiva feminista na escolha dos materiais e no cuidadoso trabalho manual envolvido; um processo realizado em privado, que requer muita paciência e atenção a cada pormenor. Trata-se, pois, da beleza da fragilidade. A esse trabalho sobre memórias factuais e emocionais, e à apropriação delas, acrescento novas leituras e possibilidades de interpretação, impedindo que esse imaginário nos escape e fique no esquecimento. As mulheres artistas continuam a defender a sua posição num mundo ainda dominado pelo homem e a insistir no facto de a arte poder ser vista como uma afirmação distintiva de um indivíduo único.

Eis que começa a ser urgente, mais uma vez, debater e refletir sobre o papel desta nova geração de artistas mulheres, que trabalham a questão da identidade associada à da memória, e se, realmente, existe um espaço de pensamento e produção independemente do género.



A arte feminista? Ela (ainda) existe?


Decerto, nem todos os artistas que trabalham com essas temáticas femininas se definem sob influência feminista, ou mesmo conhecem o seu desencadeamento. No entanto, nos trabalhos daqueles familiarizados com o pensamento teórico de Judith Butler, Simone de Beauvoir e Joan Scott, bem como na larga aplicação de elementos, materiais e práticas presentes nas composições e discursos, fica difícil não perceber as conexões inconscientemente realizadas pela influência do pensamento feminista.

Além disso, algumas mulheres que recusam categoricamente o termo têm atitudes, ideias e comportamentos a que eu chamaria de literalmente feministas, enquanto outros, que se descrevem a si mesmos como sendo feministas, não se comportam como tal.




Novembro de 2014

A Galeria Belo-Galsterer agradece à artista Catarina Branco a sua disponibilidade para esta entrevista.



 
 
 
 
 
Temos muito gosto em convidar para a inauguração de:
We are very pleased to invite you to the opening of:

 
 
 
 
 
 

A Galeria Belo-Galsterer tem muito gosto em convidar para a inauguração das exposições de Catarina Branco A Memória viva nasce a cada dia, florescendo e de Jorge Molder Fúscia.
A artista açoriana Catarina Branco apresenta a obra site-specific –“Caligrafia” na Galeria Belo-Galsterer, e também alguns dos seus trabalhos mais recentes da série “Trama de Luz” de 2014.
Sobre o seu trabalho e esta exposição a artista diz-nos o seguinte:
“A primeira característica comum presente nos meus trabalhos é, sem dúvida, a memória. Ao resgatá-la e tratá-la como uma coisa viva, torno-a ativa, permitindo assim o florescimento de novas histórias que acrescentam algo mais à minha identidade, acentuando as suas diferenças, para que ela não seja esquecida. […]
No que diz respeito ao meu processo de trabalho, posso afirmar que este constrói-se quase sempre a partir de um lugar específico, que é a cultura açoriana, mas, através desta, faço referência ao que é característico de qualquer civilização – o seu lado de miscigenação ou de hibridação. Nos meus diversos projetos, podemos verificar as ligações estabelecidas com África, o Brasil e o Oriente. Este aspeto coloca as minhas obras numa perspetiva verdadeiramente globalizante, refletindo sobre a ideia de equivalência ou partilha cultural.”
Catarina Branco nasceu em Ponta Delgada, em 1974, onde vive e trabalha.
Realizou as suas últimas exposições individuais no MAMAM, Recife, Brasil (2014), na Fundação Gulbenkian, Lisboa, Portugal (2013) e Carpe Diem,Lisboa, Portugal (2013). Participou em importantes exposições colectivas institucionais no Brasil, EUA, Espanha e Portugal.
 
Jorge Molder criou um novo trabalho, específicamente, para a Galeria Belo-Galsterer, a que chamou Fúcisa.
Jorge Molder nasceu em Lisboa, em 1947, onde vive e trabalha.
Licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Recebeu o Prémio AICA/Portugal (2006/07) e o Grande Prémio Fundação EDP / Arte (2010).
Foi artista convidado na 24a Bienal de São Paulo (1994), e representou Portugal na 48a Bienal de Veneza (1999).
A sua obra encontra-se representada internacionalmente em alguns dos mais importantes acervos de arte contemporânea.
Em 1977 realizou a sua primeira exposição individual, e desde então tem vindo a realizar inumeras exposições em galerias e museus internacionais.

 

 
 

[En.Vs.]
We are delighted to invite you to the opening of the exhibitions by Catarina Branco A Memória viva nasce a cada dia, florescendo (1) and by Jorge Molder Fúcsia.
About her work and this solo exhibition, the artist tells us the following:
“The first common characteristic of my works is, without doubt, memory. By rescuing it and taking care of it, like it was something alive, I activate it, allowing it to create new growing histories that add something more to my identity, accentuating its differences, so it won’t be forgotten. […]
In regard to my work process, I can confirm that this is almost entirely made up parting from a specific place, which is the Azorian culture, but through it, I’m able to make references to what is characteristic to any civilization – its face of miscegenation or hybridization. In several projects of mine you can find connections established with Africa, Brazil or the Orient. This aspect puts my work in a truly global perspective, reflecting on the idea of equivalence or cultural sharing.”
Catarina Branco was born in Ponta Delgada, Azores Islands, Portugal, in 1974, where she lives and works.
Her last solo exhibitions where realized at MAMAM, Recife, Brazil (2014), at Gulbenkian Foundation, Lisbon, Portugal (2013) and Gallery Fonseca Macedo, Azores, Portugal (2014). The artist participated in important museum exhibitons in Brazil, Portugal, Spain and the USA.
(1) [Vivid memory is born every day, blossoming]
 
Jorge Molder created Fúcsia a new work especifically for the space of Galeria Belo-Galsterer.
Jorge Molder was born in Lisbon, in 1947, where he lives and works.
Jorge Molder graduated in Philosophy at the Faculty of Arts, University of Lisbon.
He was awarded with the AICA / Portugal Award (2006/07) and received the prestigious award for lifetime achievements as Portuguese artist, the Grande Prémio Fundação EDP Arte (2010)
He was a guest artist at the 24th Biennial of São Paulo (1994), and represented Portugal at the 48th Biennale of Venice (1999).
His work is represented internationally in some of the most important collections of contemporary art. In 1977 he presented his first solo exhibition, and since then has realized numerous exhibitions in international galleries and museums.

 

Galeria Belo-Galsterer
Rua Castilho 71, RC, Esq.
1250-068 Lisboa - Portugal


 
 
 
 
 
 
http://vimeo.com/112502418
 
http://vimeo.com/112502416
 
 
http://vimeo.com/112502413
 
  
http://vimeo.com/112502412

http://vimeo.com/112502405

http://vimeo.com/112502413
  
 
 



 Caligrafia - Peça de chão - papel picotado/ madeira - dimensões  variáves
 
 
 



Trama de Luz  - papel recortado - 65X50 cm- 2014







Trama de Luz #1 - papel recortado - 65X50 cm- 2014


 
 
 
 
 
 
 







 
 
 
 
 
 







 
 
 
 
 
 








 
 
 
 
 
 







 
 
 
 
 
 













 
 
 
 
 
 
 










 
 
 
 
 
 
 






 
 
 
 
 
 
 







 
 
 
 
 
 







 
 
 
 
 
 
 







 
 
 
 
 
 










 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 







 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 

 








Sem comentários:

Enviar um comentário