A Tecedeira- papel recortado - dimensões variáveis-2014
Trama de Luz #3 - papel recortado - 65X50 cm- 2014
Capacho/Doormat- papel recortado- 15 peças - 65X50 cm - 2014
Capacho/Doormat- Papel recortado- 15 peças - 65X50 cm- 2014
A Tecedeira- papel recortado - dimensões variáveis- 2014
A Tecedeira- papel recortado - dimensões variáveis- 2014
A Tecedeira- papel recortado - dimensões variáveis- 2014
A Tecedeira- papel recortado - dimensões variáveis- 2014
A Tecedeira - papel recortado - dimensões variáveis- 2014
terra nostra, de catarina branco
DE 30 de Outubro 2014 a 10 de
Janeiro 2015
Ao mesmo tempo que decorria o trabalho no campo, comemorava-se a apanha do milho rei, que consistia na procura, por entre as espigas amarelas, do milho de espiga vermelha. Outrora, a festa era vista como um momento de encontro e animação, com cantares, música e bailaricos, em que a população das freguesias participava.
Ao mesmo tempo que decorria o trabalho no campo, comemorava-se a apanha do milho rei, que consistia na procura, por entre as espigas amarelas, do milho de espiga vermelha. Outrora, a festa era vista como um momento de encontro e animação, com cantares, música e bailaricos, em que a população das freguesias participava.
A arte da fabricação dos capachos perdurou até parte do séc. XX.
No entanto, o aparecimento e os progressos feitos pela indústria fabril,
juntamente com a forte emigração para os Estados Unidos de dezenas de
tecedeiras, fizeram com que estas frágeis peças fossem desaparecendo. Os novos
costumes e exigências da sociedade contemporânea, fizeram com que já não se
justificasse a existência da anteriormente descrita “Indústria caseira”.
Para que não desapareça no tempo, a arte dos capachos será novamente
recuperada e reinterpretada numa linguagem mais contemporânea, privilegiando
não só a componente técnica mas também a componente simbólica. O desafio
consiste em descobrir novas trajectórias com o auxílio de aspetos históricos e
ficcionais, possibilitando novos significados e variações da forma. Apesar da
feitura dos capachos ser um gesto repetitivo, os prazeres intelectual, emotivo
e ético não serão prejudicados pelo acto em si. Este trabalho ilustra uma ética
e um modo de vida celebrados maioritariamente por mulheres (as tecedeiras) que
se juntavam num momento não só de convívio, mas também de partilha e de passagem
de um saber ancestral.
A celebração destes momentos aparece como resposta a uma necessidade de
contacto com o restante universo. Para além disso, é uma procura de sintonia
com o sagrado, uma resposta ao “ terror do isolamento”, o temor às intempéries.
A falta de comunicação e de partilha com o resto do mundo, com outros seres e
astros, resultavam num estado de angústia e inquietude.
Então, como forma de ultrapassar este estado, as mulheres açorianas
construíam os capachos, estabelecendo, fio a fio, a união com o sobrenatural.
Hoje em dia o capacho pode ser entendido como gerador de formas, receptáculo
de várias categorias de conhecimento e, por isso, objecto de estudo de muitas
disciplinas. Pode ser entendido sob um ponto de vista antropológico, sociológico,
histórico, psicológico, etc. Deste modo, o artista, transforma-o num objecto de
arte, dando um novo sentido e inovando. As variações poderão ser infinitas! É
de salientar que boa parte da arte contemporânea nasceu da observação da arte
primitiva. No entanto, o nosso olhar, para além de cultural, é complexo e tem o
poder de se multiplicar, ampliando o seu saber, com abertura, permitindo estabelecer diálogos com
outros mundos e civilizações.
Catarina Branco
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